Entendendo o NeoJazz através dos seus 7 artistas principais

Como essa nova cena musical está propagando o jazz de uma maneira moderna?

Foto: Reprodução Internet

O ouro negro descoberto no início do século XX em Nova Orleans, em forma de ritmo sincopado, harmonias complexas e melodias cativantes, se transforma constantemente, passando por diversas metamorfoses. No princípio era o verbo: Jazz. Na sequência, a grandeza sonora do Swing é sucedida pelo minimalismo virtuoso do Bebop, acompanhada em paralelo pela introspecção do Cool. Os anos se passam e a modernidade trazida pelo Fusion, Acid e Nu desaguam no que vemos hoje: o NeoJazz.

O termo, que ainda não possui um conceito “oficial”, indica os novos artistas de Jazz que possuem em comum a junção da riqueza das harmonias e melodias do gênero com os timbres e ritmos vindos do soul, R&B, Hip Hop e Música Eletrônica.

São músicos que produzem suas obras na maioria das vezes sem um recurso vocal, contando histórias “apenas” com sons.

Nesse universo, alguns nomes de bastante popularidade despontam no cenário atual. Eles são: Esperanza Spalding, Yussef Daves, Alfa Mist, Mansur Brown, Kamaal Williams, BADBADNOTGOOD e Ezra Collective. Predominantemente, millenials, negros e nascidos em países de língua inglesa (majoritariamente na Inglaterra), esses instrumentistas, que em diversas situações já produziram juntos, se expressam através de uma linguagem compartilhada.

E para entender um pouco mais dessa linguagem que vamos acompanhar o trabalho desses artistas:

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1. Esperanza Spalding

Esperanza Spalding conta com influências do R&B, Soul, Funk e Bossa Nova. Esperanza é autoditada, fluente no violino e no baixo desde os 15 anos. Ela foi uma das pioneiras no que se diz "quebrar" a forma como se toca o jazz. Em seus arranjos caminhando entre ritmos mais lentos e instrumentais e outros totalmente fora da caixa acompanhados pela guitarra.

2. Yussef Daves:

Um dos principais nomes dessa cena, Yussef é um baterista londrino que possui como principais características sonoras suas linhas rítmicas extremamente complexas, groovadas e transcendentares. Ele despontou com o Duo Yussef Kamaal, formado em conjunto com o tecladista Kamaal Williams (que falamos abaixo). Em Abril de 2020, lançou um álbum em colaboração com Tom Misch, um dos grandes representantes do atual cenário de NeoSoul.

3. Alfa Mist:

Pianista também inglês, Alfa toca sensíveis melodias com profundas harmonias. Por todos os cantos, ele é conhecido por se expressar através de um jazz mais urbano, repleto de nuances de piano acústico. Seu álbum mais popular é o Antiphon.

4. Mansur Brown

Não coincidentemente mais um integrante da Jazz Scene de Londres, Mansur Brown é um guitarrista virtuoso. Suas linhas de guitarra, geralmente distorcidas e sintetizadas, se assemelhando algumas vezes a um teclado, são explosivas e enérgicas. Teve seu primeiro álbum lançado apenas em 2018, e é chamado de Shiroi.

5. Kamaal Williams

A síntese sonora do tecladista Kamaal Williamns, que mistura o jazz com várias influências de Hip Hop e House, lhe define. A essa altura você já deve adivinhar de onde ele é. Com seu duo em conjunto com o baterista Yussef Daves, despontou em 2016. Além de músico, Kamaal é fundador da Black Focus Records, selo que lança vários dos trabalhos de artistas no Neo Jazz.

6. BADBADNOTGOOD

Saindo da terra da rainha e pousando no Canadá, encontramos BADBADNOTGOOD. Colegas de conservatório de música, a banda instrumental mistura o Jazz com vários dos estilos musicais modernos, já tendo colaborado com Kendrick Lamar, Tyler, The Creator, KAYTRANADA e diversos outros artistas. Ficaram mundialmente conhecidos pela música “In Your Eyes”, em parceria com Charlotte Day Wilson.

7. Ezra Collective

O enérgico quinteto londrino, formado por bateria, baixo, teclado, trompete e sax, junta a profundidade natural do jazz com ritmos contagiantes. Por vezes mais sóbrios, por vezes explosivos, o Coletivo também colabora com diversos outros artistas, como Jorja Smith (mais um nome do NeoSoul citado nesse texto).

NeoJazz é a expressão contemporânea e genuína do ouro de descendência afro que gentilmente se propaga ao redor do mundo levando alegria, reflexão e energia. Ele é o exemplo de que o clássico pode se misturar com o moderno, o sagrado se conecta com o profano e as harmonias dissonantes se interlaçam com os elementos eletrônicos.

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