top of page
Foto do escritorJazz Mansion

Em comemoração aos 76 anos de Elis Regina, gravadora lança álbum especial

Elis 1972, com nova mixagem dirigida por João Marcello Bôscoli, remasterizado por Carlos Freitas e relançado em vinil, CD e álbum digital por sua gravadora original, a Philips – atualmente Universal Music - , quase 50 anos depois de sua gravação, mostra o quanto há por se descobrir sobre o “som de Cesar” e as sutilezas de Elis Regina


O relançamento da Universal Music, foi feito no dia do aniversário de Elis, na última quarta (17) - Foto: Divulgação

Se fosse apenas sobre música, o LP de 1972, “Elis” ou apenas o “Álbum da Cadeira”, já seria um registro excepcional da MPB pela interpretação e pelo poder de sua sequência de canções. Mas, como tudo em Elis, nunca é apenas sobre música.


Ao ser relançado em vinil, CD e álbum digital com os luxos de uma nova mixagem e masterização, além de um lyric video da canção “Casa no campo”, as doze faixas revelam-se logo uma desforra emocional apaixonada e incessante deflagrada pela voz vida de Elis – “não é a voz que canta”, ela dizia – e pela textura de suavidade seca criada pelo pianista Cesar Camargo Mariano a partir daquele instante.



Ao ouvirmos Elis e suas primeiras gravações ao lado do Quarteto Fantástico, formado por Cesar, Luisão Maia (baixo) Hélio Delmiro (guitarra) e Paulo Braga (bateria), em um LP com direção artística de João Marcelo Bôscoli, com o engenheiro de som Luiz Paulo Serafim - quase 50 anos depois das gravações originais por alguém que saiu de seu ventre, João Marcello Bôscoli, nada fica muito parecido com um relançamento convencional.


É mais do que isso, e principalmente por tudo que ainda há escondido nas sutilezas de um álbum feito em detalhes captados por quatro canais. Coisas do vinil: o contrabaixo sólido de Luisão Maia cola-se ao bumbo de Paulinho Braga e potencializa os dois mesmo nos volumes mais baixos enquanto o pensamento da guitarra jazz de Hélio Delmiro o faz suingar nas frestas deixadas pelo piano de Cesar.



A vassourinha raspa a pele da caixa de Paulo Braga em “20 anos blue” e nos leva a um clube de jazz esfumaçado dos anos 50. As fisgadas da guitarra de Hélio bem ao fundo de “Bala com bala” faz a estrutura frenética de baixo, voz e bateria balançar ainda mais. A entrada dos violinos em “Águas de março” no instante em que Elis canta “é uma ave no céu” exerce o intrigante poder da própria levitação. E o piano elétrico RMI de Cesar em “Casa no campo”, o mesmo que, em 1974, assustaria Tom Jobim antes que ele relaxasse para deixar rolar a gravação de “Elis & Tom”, ajuda a criar uma canção rural psicodélica.


Cinquenta anos depois, talvez seja a hora de entender o que Elis quis dizer. Não importava muito como as músicas chegavam. Ao final, era sempre sua, e a partir daquele instante, de seu Quarteto Fantástico, a escolha de dar a cada uma o sopro da vida eterna.


173 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page